quinta-feira, 11 de março de 2010

HUuuuuu...



E não é que fiquei de molho três semanas, por causa de um vírus??? Tive que fazer minha visita por telefone! Um pouco mais curta, já que não sou sócia da Telefônica, mas eu precisava falar com o pessoal! Liguei no hospital e consegui falar com a Tati e a Cynthia. Achei que eles não iam conseguir se virar sem mim, mas parece que continua tudo sob controle...

Andei Pensando...


INOVAÇÃO: UM OLHAR DE PALHAÇO

Escrevi este breve artigo com a intenção de refletir sobre um tema muito “pop” nos dias de hoje: a inovação.

Não pretendo aqui definir inovação, nem discutir seu papel. Mas sim refletir sobre como ela é “alcançada” (?), “obtida” (?), “gerada” (?). Vejam só: a inovação é algo que você tem? Que obtém? Que constrói? Que desenvolve? Que produz?

Ela é parente da criatividade? E a criatividade, você tem? Obtém? Desenvolve? Produz?

Através da experiência com a linguagem do clown e a partir de discussões e aulas na Faculdade da Imaginação (parceira da POP), comecei a acreditar que inovação e criatividade são “resultados finais”, frutos de um processo. E, como todo processo, pode ser definido, replicado, exercitado, aprendido. Não é necessariamente um raio que cai na sua cabeça, embora para algumas pessoas possa funcionar assim. Mas para a grande maioria, acredito, é algo que pode ser desenvolvido, aprendido.

Mas onde aprendemos inovação, criatividade? Alguém já teve aula de inovação na escola? Ou de criatividade (em um próximo artigo retornarei ao tema – você teve aulas de liderança? Trabalho em equipe? Diálogo? Etc...)?

Então, porque supomos que deveríamos saber o que é inovação, como se faz, e, pasmem, sermos bons nisso?

É na linguagem do clown que fui buscar algumas respostas, que apresento a seguir para observação, discussão, avaliação e construção de processos e ideias que nos ajudem a sermos mais inovadores:

1) ESVAZIAR

Imaginem a seguinte situação: em busca de inovação, uma empresa forma uma equipe com profissionais de diferentes áreas, na tentativa de que as habilidades e experiências de cada um sirvam de fonte de inspiração para o grupo. Para estimular ainda mais o processo, essa equipe vai passar uma semana em um hotel diferenciado, um ambiente inspirador, onde estarão livres das pressões cotidianas. Eles receberam carta-branca para serem “inovadores”.
Agora imaginemos possíveis sub-textos dessa cena que descrevemos acima, com as pressões que estão presentes, porém são totalmente relevadas no processo:
- O grupo leva para o hotel não apenas uma missão, mas vão na mala também suas expectativas, medos, ambições, pré-conceitos, crenças e esperanças;
- Ninguém além delas mesmas sabe, mas duas pessoas ali estão tendo um caso;
- Ninguém além delas mesmas sabe, mas duas pessoas ali não se toleram;
- Ninguém além dela mesma sabe, mas uma das pessoas irá se tornar a líder da equipe de inovação quando retornarem.

Não, não estou descrevendo uma cena do Big Brother... Apenas colocando foco em fatores presentes e naturais em qualquer agrupamento humano, ainda que só possam ser lidos nas entrelinhas.

Pois bem, pergunto: não seria benéfico ao processo se todos pudessem iniciar os trabalhos a partir de um ponto “zero”, página em branco, neutro? Um ponto onde os espíritos são desarmados, as preocupações contidas, onde os medos desaparecem? Onde o melhor do ser humano aflora – a abertura e receptividade ao outro, um sentimento de amor, de alegria, de esperança?

Um ponto em que palavras, pensamentos, idéias e sugestões podem ser recebidos e avaliados pelo que são, sem o olhar enviesado, “despersonalizados”, “desidentificados” de seus interlocutores?

Esta é a importância do que chamo de “ESVAZIAR”. É uma fase crucial em qualquer processo de inovação, de criatividade ou diria mais, de trabalho em grupo.

Deixar que as pessoas soltem as bolinhas que trouxeram nas mãos, antes que você jogue outra bolinha para que peguem.

Esvaziar um pouco o copo, antes de colocar mais água.

Abrir espaço, acessar o lugar da receptividade, da abertura.

A ferramenta mais poderosa que conheço para alcançar esse esvaziamento é a linguagem do palhaço. Sei que existem outros métodos ou processos, mas vou falar daquele que conheço melhor, o riso.

O humor distrai nosso lado racional cartesiano e desconstrói as estruturas enquanto captura a atenção sutil e permite o contato com nossa natureza mais profunda; resgata nossa pureza, ingenuidade, leveza (quantas vezes ouvimos que é preciso ter um olhar de criança para criar algo? Esta é uma das maneiras de resgatar esse olhar).

Tudo isso? Sim, tudo isso. E rápido. De 0 a 100 em 15 minutos, se a fonte for boa. Com 1 hora de “bom humor”, eu diria, ninguém mais é o mesmo.

Com uma ressalva: estou falando da linguagem e do humor do palhaço, em que rimos “com” – porque existe o riso “de” algo ou alguém, que não cumpre o mesmo papel. Como diz meu professor mexicano, Jesús Díaz, la risa es sanadora. Quando rimos juntos, somos um. E como “um”, construímos juntos, descobrimos juntos, experimentamos juntos.

Aumentamos nossa flexibilidade, receptividade e... criatividade, nosso poder de inovar!

2) DESCONDICIONAR

Aqui trato da necessidade de libertar nosso pensamento de padrões condicionados. Ensinar novos caminhos ou possibilidades de caminho, para que surjam as novas ideias.
Hoje, faço esse trabalho através de “jogos de palhaço”, que foram concebidos para isso. Diferentemente do processo de esvaziar, no entanto, é algo que se conquista a longo prazo.

Esses jogos realizam um trabalho em vários níveis ou camadas. Por exemplo: quando uma dupla é solicitada a contar uma história em que o primeiro diz somente uma palavra, o segundo outra, e assim sucessivamente, sempre atendo-se ao tema ou sentido da história, podemos perceber uma série de esforços para quebra de condicionamentos:

- O cérebro enfrenta a dificuldade de falar apenas uma palavra, embora automaticamente tenha pensado na seguinte;
- O cérebro tem que se contentar que a palavra seguinte, em geral, não é a esperada ou pensada por ele anteriormente;
- O cérebro tem que buscar um sentido sem saber qual vai ser o final;
- As pessoas precisam aumentar sua capacidade de escuta – com o tempo descobrem que não é uma luta contra o parceiro, que nunca “adivinha” qual era a melhor palavra para a história, mas um trabalho em conjunto para servir ao outro: ao fazer isso, as palavras naturalmente se encaixam.

E o que dizer de um jogo básico, simples, como é o jogo de comandos invertidos? Ao dizer “Pule!” as pessoas devem agachar-se, ao dizer “Agache!”, pular. Ao dizer “Ande!” devem parar, e ao dizer “Pare!”, devem andar. Com inúmeras variantes, este jogo quebra a rota do nosso pensamento, que teima em andar em linha reta...

A escola nos treinou no pensamento linear, cartesiano. Felizmente, o mundo hoje descobre que há algo mais a aprender. Neste artigo deixo a sugestão para fazer isso de uma maneira deliciosa, brincando.

Para finalizar este segundo tema, uma pequena observação: tendo acompanhado diferentes grupos de palhaço e improvisadores, posso dizer que esse exercício nunca termina, que o descondicionar é uma luta permanente contra a tendência natural de acomodação do ser humano. Mas luta é uma palavra muito forte, pois, para quem experimenta, a maior sensação é de prazer em descobrir novas potencialidades.

3) E o que mais?

Minhas aventuras no campo do desenvolvimento humano são recentes. Muito, mas muito mesmo se está produzindo hoje tratando do tema da inovação, criatividade e do desenvolvimento pessoal como um todo. Prometo seguir minhas pesquisas e compartilhá-las com vocês, na esperança de crescermos juntos.

Fim de Curso, Apresentações!



Sexta 12, Sábado 13 e Domingo dia 14 faremos apresentações com as cenas que criamos no curso do Teatro do Oprimido. Após as cenas, haverá o Teatro Fórum, em que a platéia participa para ajudar a encontrar alternativas para o conflito encenado. Acho que vai ser interessante, é uma rara oportunidade para conhecer o método do Boal, já que a maioria dos Teatro Fórum é feita nas comunidades.

É gratuito, no Teatro Coletivo - R. da Consolação, 1623 / tel. 3255.5922.