quinta-feira, 27 de agosto de 2009

CIRC CRIC

Desde a nossa chegada a Barcelona eu estava planejando ir até o Parque Nacional de Montjuic, para ver o Circ Cric, do palhaço Tortell Poltrona. Mas foi preciso que Eugênio e Aninha chegassem pra que a aventura tomasse forma, já que chegar lá não era nada fácil...


Primeiro o trem deixa a gente nessa "estação", uma casa fantasma, sem ninguém, no meio de lugar nenhum!


Depois de encontrar uma pessoa que nos desse indicações: "vocês vão andando pela estrada, uns 5km, chegam a um povoado, andam mais 5km, chegam a outro, andam mais um pouco e estão no circo" (!), botamos o pé na estrada, num sol de muuuitos graus...


Primeiros 5 km: avistamos Santa Maria de Palautordera!



E a primeira pista de que estávamos próximos ao circo:


Mas ainda faltavam os outros 5 km... Foi aí que perguntamos ao sujeito abaixo - David - quanto faltava para chegar no circo. Assustado com nossa perspectiva, o gentil David resolveu nos dar uma carona, eba! Foi assim que chegamos ao Cric, numa BMW vermelha, hahaha.



Ao pé da montanha, no meio do mato, de repente...

Lonas, palhaços, famílias, não dá pra imaginar como um circo desse tamanho sobrevive num lugar como esse!


Com Tortell, foto para a posteridade



O recepcionista do circo ;)


Programa família, piquenique, pipoca...



"Tutu", o (ou seria "a"?) equilibrista


Claudinho, do Circo Zanni, arrasando no Cric!



Um inacreditável final jamaicano...




10 da noite, voltando pra casa - muertos, mas super felizes!!!!

Reta Final


Última semana, último dia... Sexta 21 nos reencontramos em Madrid. A idéia era aproveitar a última semana passeando pela cidade, mas o João voltou da Índia com febre, dores, alergias... Resultado: passamos a semana toda no hotel! Digamos que foi bom pra colocar a vida cibernética em dia, haha.

Vou postar dois passeios ainda de Barcelona, depois as fotos da Índia e depois... fim!

sábado, 1 de agosto de 2009

La Dolce Vita


Dois dias em Madrid, preparação para a "próxima fase". Amanhã viajo com amigas para Arcos de La Frontera, onde estarei bem desconectada por 20 dias (no sentido físico, haha). E João vai pra Índia, ver onde filmaram a novela, hahaha. Brincadeira, além de visitar lugares incríveis, vai passar a última semana fazendo o Panchakarma, uma terapia ayurvédica para corpo, além de um curso de massagem. Eita!

Dia 21 estaremos de volta, com mais posts e novidades. E dia 28, de volta ao Brasil! Hasta la vista babies!

Adiós Barcelona!









E assim chega ao fim esta parte da aventura, esses deliciosos 3 meses na deliciosa Barcelona. GRACIAS!!!!

O mestre, Philippe Gaulier



Aiiii, não tenho palavras para agradecer aos céus a oportunidade de ter feito um workshop com "o" mestre de clown, Philippe Gaulier...

A escola dele, em Paris, é reconhecida como a mais importante para formação de palhaços hoje em dia, e eu entendi claramente o por que. O velhinho é simplesmente sensacional. No seu olhar, no seu direcionamento, no seu amor pelas pessoas.

Praticamente todo mundo com quem fiz aula foi aluno dele. Mas acho que poucos absorveram a essência do seu método. Quero dizer, ele tem exercícios, métodos pedagógicos que até podem ser fáceis de reproduzir. Mas é muito difícil copiar a sutileza, o olhar, o estilo, o tom dele.

Digo isso porque já estava ficando traumatizada com o "método Philippe Gaulier", em que você é chamado para o centro da cena e "se vira nos 30", resumidamente. Para não falar dos "castigos", "torturas", etc. Mas não é nada disso! Ou melhor, é isso mesmo, mas SOB DIREÇÃO do MESTRE!!!! Descobri que o Philippe Gaulier do método Philippe Gaulier faz toda a diferença, que obviedade... Ou melhor, talvez não tão óbvio, talvez ele e seus discípulos acreditem que é um método transmissível - mas, tendo sido objeto de várias experiências, devo dizer que não.

Mesmo os bons "reprodutores" do método, na minha opinião, ainda precisarão de muito chão para captar essa sutileza toda, todo esse olhar, acertar no tom. O melhor seria partirem para um método ou estilo próprio - como o Márcio Ballas ou o Fraser Hooper, que criaram não apenas exercícios, mas uma filosofia "não declarada" de ensino.

Bom, comecei essa jornada de aprendizado com muita sorte, fazendo o curso do Fraser. E termino feliz, muuuito feliz, por ter aprendido com o Gaulier. E com a questão da "pedagogia do palhaço" mais clara (e chega de pensar nisso, pelo menos por enquanto).

À prática!

Pois domingo dia 26 fui pra Vigo, participar do Festiclown, edição "especial" de 10 anos! Cursos, apresentações na rua, espetáculos, um pouco de tudo.

Cheguei em Santiago de Compostela com minha roupa de 35º em Barcelona, sandália e bermuda, para dar de cara com um fog e um frio que parecia que eu tinha ido pra Dinamarca (eu tinha olhado a previsão do tempo, juro!). Mas, como disse uma velhinha que viajava comigo, até chegar em Vigo o tempo já mudou. E dito e feito! Peguei um ônibus e apaguei, quando abri os olhos o dia estava simplesmente maravilhoso, e quente!

Vigo é muito linda, a Galícia é muito linda! Na verdade, acho que a natureza - o mar, as ilhas - e o centro histórico da cidade são lindos, o resto é uma arquitetura horrível, algo cem vezes pior do que os prédios do Guarujá... Como é que uma cidade cresce assim, tão feinha? O que me contaram é que foi tudo muito rápido, após a chegada da fábrica da Citroen, há 30 anos. E que o fato de ser "la ciudad obrera de España", por causa do porto, faz com que tudo seja assim, meio feio mesmo. Uma pena, mas igual em todas as partes do mundo.

De Vigo ainda peguei outro ônibus para Gondomar, onde mora a Elena, uma amiga que estava comemorando 50 anos com uma super festa. Ela mora em uma casa deliciosa, quase um sítio, com rio, jardim, campo, ovelhas... A festa durou o dia inteiro, a comida era deliciosa, fizeram um monte de homenagens, brincadeiras, foi bom demais.

Pra minha sorte, uma amiga dela me convidou pra ficar na casa dela em Vigo (ainda por cima, ela morava a apenas 3 quadras de onde era o curso que eu ia fazer na segunda). Deixamos a festa às 10 da noite, eu estava acabaaaada, haha.

Consuelo no Valdebron


E o curso da Sandra terminava com uma visita de clown no Hospital Valdebron. Eu fui com a Paula, parceira dela, numa manhã de quarta-feira. O hospital fica longe do centro, mas ao lado do metrô. É um hospital bem grande, mas elas só visitam as alas de oncologia infantil e trauma.

A estrutura é a mesma das visitas que faço no Brasil com a Operação Arco-Íris: trocar de roupa em alguma salinha, aquecer, passar pela enfermeira-chefe para saber quais crianças visitar ou não visitar. Acho que a diferença que senti foi ter como parceira uma palhaça, pois na OAI, em geral, minha dupla é alguém que ainda está em um processo de formação (lenta, 1 vez por mês quando muito). A visita fica mais fácil, muito mais leve para mim, pois existem 2 pessoas propondo a cena, e não apenas uma.

Fiz visitas excelentes com meus parceiros da OAI, mas estou realmente repensando se volto ou não. Cada vez mais fica evidente o tamanho da responsabilidade de um palhaço diante de uma pessoa doente - seja adulto ou criança; um "meio-palhaço" pode ser tão bom ou mau quanto um "meio-médico"... Melhor "meio" do que nada? Acho que não... Vamos a ver.

Aprendendo com Sandra Munhoz


Julho foi cheio de acontecimentos e estudos, estou bem atrasada com os posts... Mas nunca é tarde, vamos às últimas notícias!

De 14 a 17 fiz um curso com a Sandra Munhoz, palhaça brasileira que mora há 10 anos em Barcelona. O Jon Davidson, da Escola de Clown de Barcelona, sugeriu que eu a conhecesse - e ela foi muy amable de tomar um café comigo pra contar um pouco sobre seu trabalho e a "cena clown" de Barcelona. Rolou uma energia muito boa entre a gente, além de várias coincidências, como o trabalho corporal, as aulas de flamenco e as visitas de clown em hospital.

Ela então me convidou para fazer seu curso, voltado especificamente para formar mais palhaços para o projeto que coordena no Hospital Valdebron, junto com outra brasileira, a Paula. Já faz 4 anos que realizam visitas por lá, e receberam vários convites para expandir para outros hospitais, mas faltam voluntários, palhaços formados.

O curso foi excelente por diversas razões, começando justamente pelo trabalho corporal que ela faz. Uma boa parte do tempo é dedicada a aquecer, alongar, centrar, para só depois entrar no clown mesmo - ou melhor, esse tempo anterior acaba fazendo com que a passagem seja praticamente imediata e natural, de um exercício de corpo já estamos dentro do clown (e ela fez alguns exercícios dos índios Yanomami muuuito legais!).

Outra coisa bacana é que éramos poucos, o que sempre faz com que o trabalho seja mais intenso. E, por coincidência, éramos só mulheres, e pude perceber como o ambiente fica mais suave - nenhum preconceito incluído neste comentário, apenas uma constatação. Assim como não é exatamente um preconceito mas uma preferência por cursos onde as pessoas não são ainda palhaças ou estão aprendendo apenas para agregar algo a seus currículos, pois também gera uma atmosfera com menos pressão, menos competição (quem é o melhor, o mais engraçado? Pois é, o mundo dos palhaços não está livre desse tipo de coisa - eu incluída).

A Sandra está indo para o Brasil passar férias e vai apresentar seu espetáculo em São Paulo, assim que tiver as informações repasso, deve valer à pena!