Pelo Mundo foi criado para compartilhar com os amigos as histórias e experiências de uma temporada de estudos “pelo mundo”– um sabático de 6 meses que fiz em 2009. E que agora continua com as histórias e experiências do meu trabalho como clown. Enjoy!
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Mais um Palhaço
Fiz um workshop com o Mick Barnfather, palhaço e membro do Theatre de Complicite, uma companhia bem respeitada por aqui. Apesar de ser curto, apostei porque era uma das indicações do Rick Puccetti, do Lume - e para ele indicar...
E foi bom, mas não foi incrível. Mais jogos, mais exercícios com o nariz. Mas o que acabou chamando minha atenção foi a diferença do método dele para o do Fraser - que comentei em um post anterior. O Fraser fala em ser positivo e é positivo. Em ser otimista e é otimista. O Mick fala em ser positivo e otimista, mas não constrói um ambiente para isso. Não que ele seja chato, negativo, etc. - pelo contrário, ele é bem legal. A questão é muito mais sutil, e acho que só ficou claro porque tenho questionado muito a "pedagogia" para ser palhaço. Talvez questionado não seja bem a palavra, melhor dizendo, estou encafifada com isso (que delícia escrever encafifada).
Por exemplo, quando alguém fazia algo muito ruim, ele dizia: "Ok. SÓ QUE poderia ter sido isso, ou aquilo" ou "Ok. MAS você TEM QUE deixar essa vontade de repetir isso e pensar que o clown é X, Y, Z" - e a pessoa ficava com aquela cara de "como eu faço isso". Pior, parecia que a pessoa estava com uma sensação de que não iria conseguir fazer nada. Muito pior, você vê no olho da pessoa que ela nem sabe por onde começar a mudar.
Comparando com o Fraser, ele construía assim: "Ok. Great. Agora, porque você não tenta X, Y, Z", e nada de ficar falando que o palhaço é isso, ou aquilo. E, como escrevi antes, insistia em "ok, agora expire" (e, imediatamente, ficava engraçado) ou "tente mais rápido/mais devagar/mais forte/mais fraco", etc.
Quando digo "a pessoa" quero dizer uns 4 ou 5 que estavam fazendo um curso de clown pela primeira vez. Ficou um enorme ponto de interrogação na cara deles: "ok, clown é alguém que mostra sua humanidade, que sabe ficar "na merda", que mostra o seu ridículo. Mas como eu faço isso?". Ou, "como aprendo isso?".
Acabei concluindo que dei a maior sorte do mundo de ter começado com o Márcio Ballas. Ele não deixa você cair nesse psicologismo todo, não te deixa sozinho para descobrir coisas bem difíceis, ele realmente sabe conduzir a pessoa até esse lugar.
E o Fraser também. Os alunos dos dois workshops tinham mais ou menos o mesmo perfil. Mas vi como, no do Fraser, saíram inspirados e com uma alegria por terem descoberto um caminho interessante de trabalho. No do Mick senti que foi mais "foi legal, mas como isso é difícil, acho que vou continuar fazendo minhas coisas, clown é pra quem quer ser clown".
Para mim, o mais legal foi uma frase que ele disse: "uma cena de clown só precisa ter uma idéia, apenas uma" - isso porque, em geral, todas as idéias para cenas que tenho são rebuscadas, compridas, cheias de coisas. Preciso lembrar muuuuito disso!
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