quarta-feira, 29 de abril de 2009

Idéia

Pensando bem, acho que vou esperar o final da viagem pra poder escrever de trás pra frente, aí fica tudo resolvido.

Postado por Consuelo, queimando os fusíveis.

Quem inventou isso?

Se a gente lê de cima pra baixo, porque todo blog é de baixo pra cima?

Postado por Consuelo, em dúvida.

Fraser Hooper







Semana passada fiz um workshop com o Fraser Hooper, na Circus Space. Uma escola só das artes do circo, linda, super equipada, moderna, incrível mesmo.



São dois espaços deste tamanho, várias salas de aula, laboratório de computação, vestiários, etc.

O curso foi prá lá de Marraquesh, eu simplesmente AMEI. Digamos que foi igual a todos os outros workshops de clown que já fiz, porém o Fraser tem dois “mantras” que estruturam o seu trabalho, os exercícios e sua visão do que é ser palhaço: ritmo e expiração.

OK, todo professor fala nisso, é básico. Mas o comprometimento dele em fazer-nos experimentar e dominar as duas coisas foi fantástico.

Outra coisa que treinamos muito foi procurar o problema e procurar o jogo. Em geral a gente aprende que “para o palhaço, quando aparece um problema, considere uma benção, esteja pronto para aproveitá-lo” ou “seja um bom jogador”. O que o Fraser fez de diferente foi nos colocar numa posição ativa, de procurar e criar o problema/jogo. Ele também tira essa habilidade do campo subjetivo, psicológico – ou você é bom nisso ou não, ou adquire rapidez para perceber o que aconteceu, ou não. Ele coloca tudo no campo técnico, você pode praticar e dominar essa arte.

Pra fechar a lista de qualidades do Fraser, conto aqui que ele é super-hiper-mega generoso. Muito ao estilo da Hilary Chaplain, primeiro ele diz “Great!”, depois “Mas precisamos melhorar aqui, aqui e aqui, senão só a sua mãe vai dar risada de uma coisa tão ruim”. Existem várias pedagogias para ensinar clown, todas bastante empíricas, algumas menos e outras mais radicais (como o famoso tapão nas costas que a Quito dá quando você se sai mal). Mas eu já percebi que respondo melhor num ambiente de beijos e abraços...

Pra quem quiser saber mais sobre o Fraser: www.fraserhooper.com

Reciclagem


Reciclagem não é uma grande moda por aqui não, acho que porque dá um certo trabalho (como em todo o lugar). No prédio em que moramos, por exemplo, os "sacos laranaja" só são recolhidos uma vez por semana, e não cabem no dispensador de lixo do prédio, você tem que mantê-lo dentro do apartamento (que é pequeno). Ou então pode levá-lo para o container do prédio quando quiser, que é o que fazemos

Dá pra ignorar esse volume de lixo reciclável de 2 pessoas em apenas 3 dias?

Na Terra de Shakespeare



Dia 21 Shakespeare fez 400 anos! Em frente ao seu teatro, o lindo Globe Theatre, estava esta "árvore" de olhar perdido saudando os passantes.

Swimming Pool





Esse é o caminho que faço pra ir pra piscina pública de Chelsea, a primavera anda bombando por aqui (é o abril mais quente dos últimos 10 anos).

A água da piscina tem tanto cloro que "comeu" o tecido do meu maiô, tive que jogá-lo fora!

Acho que deve ser porque ninguém precisa fazer exame médico, eca...

(já comprei um maiô novo, se é que alguém imaginou outra coisa...)

Visita!


Wilminha, prima do João, e eu, turistando em Covent Garden. Além de cuidar de vários pepinos pra gente no Brasil, ela ainda vai carregar de volta toda a nossa roupa de inverno, uma ANJA!

Ainda a Espiral (e o último post da Schumacher)

Depois de expor a tese central da Espiral Dinâmica, o Don Beck passou a comentar maneiras “amarelas” de fazer os níveis trabalharem juntos. Mas, infelizmente, sobrou pouco tempo para ele se aprofundar nos conceitos de “super-ordenate goals” e “meshworks”.

No primeiro caso, significa encontrar objetivos comuns, e que só podem ser alcançados se todos participarem (o que é diferente de objetivos comuns em que um não depende de outros para alcançá-los). Uma maneira de chegar nesses objetivos é fazer todo mundo pensar no futuro das crianças, colocar as relações num futuro próximo, onde é mais fácil livrar-se da carga do presente.

Já meshworks significa a integração, alinhamento e sinergia de múltiplos elementos ou entidades. Desenvolver a habilidade de coexistir sem perder suas próprias características e ainda contribuir para o todo. Incrível não ter sobrado tempo pra isso...

Drops Don Beck - Change

“You can never change things by fighting the existent reality. To change something, build a new model that makes the existing one obsolete” – R. Buckminster Fuller

Respeito


Outro ponto legal que a teoria da Espiral Dinâmica (ED) reforça é quanto ao respeito: em geral, quem está em um nível considera os níveis anteriores, no mínimo, “atrasados”. Colocar em prática os conceitos da ED significa, em primeiro lugar, fazer com que as pessoas se sintam confortáveis com quem elas são, com o estágio em que estão, para que elas possam dar o seu melhor.

Mais uma vez ele usou o exemplo dos verdes x laranjas: os verdes (ecologistas, vegetarianos, new age people, etc.) tendem a desmerecer os padrões e valores do laranja, que se recolhe e se coloca numa situação de oposição. É preciso ser o amarelo, para ter a sabedoria de usar o que cada nível é capaz de fazer melhor. E o verde sozinho não consegue fazer nada, o laranja é, inclusive, o nível mais capaz de achar as soluções que o verde precisa.

“Healing people first. Finding their habilities.”

Para não falar da dependência – por exemplo, quando o nível azul está doente, significa que a justiça e o accountability são fracos, o que faz com que o nível seguinte, que é o laranja, também adoeça.

A Espiral e a Crise

Don Beck deu uma explicação para a crise segundo a teoria da Espiral Dinâmica: os verdes, que buscam a igualdade (precisam de “vítimas”, os coitadinhos a quem ajudar”) dizem: “casa para todos” e criam incentivos ao crédito. Os laranjas, que vêem a oportunidade para fazer dinheiro, dizem OK sem pensar duas vezes. O vermelho, no estágio em que está – experimentando sua individualidade e poder pela primeira vez, usa o dinheiro para consumir, e não para pagar a hipoteca. E pronto, o resultado a gente já conhece.

Schumacher Semana 2: Don Beck



A segunda semana não foi tão impressionante quanto a primeira, ainda não descobrimos se porque é difícil se comparar ao Günter Pauli ou porque as teorias do Don Beck são menos atraentes.

O fato é que ele apresentou a sua “Espiral Dinâmica” como a (melhor) solução para os problemas do mundo, o que por si só já deu uma travada na maioria da turma. Mas, como ele mesmo pediu para darmos uma chance de provar seu ponto, foi o que fizemos. Não só por educação, haha, mas talvez porque ele levou uns óculos que parecem de 3D que permitem que você veja a luz de forma diferente (como nas fotos): apesar de estarmos vendo uma certa realidade, ela pode conter muitas coisas mais que, simplesmente por falta do óculos certo, não conseguimos ver. Como a maioria SABE que isso é verdade, topamos experimentar os óculos da Espiral Dinâmica (e eu fiquei morrendo de inveja dos tais óculos, já que no projeto da Coca-Cola utilizamos a mesma metáfora... Americano é muito bom nisso, haha).

A teoria da Espiral Dinâmica é, sim, interessante. Mas é mais uma “grade” ou estrutura com a qual podemos analisar um grupo ou uma pessoa, não é a melhor nem a única que deve ser usada.

Basicamente, trata-se de reconhecer que grupos ou pessoas podem estar em 7 diferentes níveis de desenvolvimento, que implicam em 7 diferentes maneiras de lidar com a realidade. Por exemplo, tome-se a idéia de “PAZ” para cada grupo:

Bege – o grupo que está no nível mais baixo da existência, poucas nações poderiam ser consideradas neste estágio: “Eu sobrevivo”

Roxo – o nível do relacionamento tribal. Nações que ainda subsistem pela força do grupo, das comunidades, das tradições: “Estamos seguros”

Vermelho – o nível em que ocorre o primeiro distanciamento do grupo em direção à individualidade e, consequentemente, a um comportamento de oposição e confronto: “Eu mando”

Azul – exército, ordem: “Temos ordem”

Laranja – a maioria das nações desenvolvidas hoje. O espírito do capitalismo: “Eu me desenvolvo (thrive)”

Verde – a nova consciência global: “Somos iguais”

Amarelo – a consciência do futuro. O momento em que eu vejo a beleza de cada fase e apenas ajudo (não tento mudar) a travessia para a fase seguinte: “Eu me preocupo e faço”

Portanto, apesar da definição de “paz” até poder ser a mesma, na hora da “operacionalização” cada um vai responder de acordo com o estágio (cor) em que está – o que vai gerar problemas de comunicação, pra dizer o mínimo.

Como grande parte da classe na Schumacher é de pessoas que estão na cor “verde”, elas ficaram um pouco chocadas com duas coisas:

1) com o fato de que não estão no nível amarelo, apesar de se acharem “melhores” que os outros. O Don Beck foi muito radical, e essa foi uma coisa muito legal da semana dele: nenhum nível sobrevive sem o outro. Se o nível laranja é capaz de descobrir novas tecnologias para a sustentabilidade, porque o nível verde o considera sempre inimigo? A Schumacher precisa de 1 milhão de libras para reformar o telhado, já que o prédio é antiqüíssimo. Eles estão inclusive, sob ameaça de terem que sair de lá. E o Don pergunta: e porque não pedir patrocínio de alguma empresa? Por pudor? Para não “se vender”? Qual seria o problema de ter o logotipo de uma empresa na frente, se a escola ficasse onde está? Não seria um win-win? Silêncio na sala...
2) que esse parece um método para manipular as pessoas. Até porque o Don deu vários exemplos de como fazer campanhas de comunicação para atingir determinado grupo

Pensando bem...



Ou então esse, porque essa renda me matou!



Postado por Consuelo, hoje.

terça-feira, 28 de abril de 2009

A Minha Cara



Se eu tivesse um carro, com certeza seria esse.

Postado por Consuelo, bem tarde da noite.

A Teoria Gaia


Última aula da primeira semana, sobre a Teoria Gaia, com o Stephen Harding. Para quem nunca ouviu falar, a Teoria Gaia foi criada pelo James Lovelock, um cientista considerado “excêntrico” justamente por ter proposta uma idéia que, há 40 anos, soava ridícula. Hoje suas idéias estão no topo das agendas políticas do mundo inteiro (esta frase eu tirei de uma revista que comprei semana passada, haha).

Sua teoria propôs que a Terra é um grande mecanismo auto-regulatório (auto-regulante? Auto-regulado?), em que todas as coisas – a atmosfera, os oceanos, as pedras e os organismos vivos, incluindo a espécie humana – existem em um ciclo constante de feedback. Talvez hoje isso soe mais óbvio, mas realmente não era o que pensavam os cientistas na época em que a teoria foi apresentada.

Stephen Harding trabalhou com por muitos anos com o James Lovelock, e deu seguimento aos seus estudos. Ele nos falou sobre a “Alma do Mundo”, Anima Mundi, a noção de que o mundo não é uma máquina, mas uma psique; não é uma coleção de objetos, mas uma comunhão de assuntos, significando que há subjetividade em todo o lugar. E, portanto, imprevisibilidade.
Há 40 anos Lovelock insistiu na necessidade de usar diferentes disciplinas para fazer ciência, para ter uma visão holística, mas só agora (alguns) cientistas começam a considerar essa possibilidade – a Schumacher é uma das poucas escolas que inclui a matemática não-linear, teoria da complexidade e a matéria “ciências holísticas” em seu currículo.

Um exemplo do risco que corremos ao não ter uma visão holística são as previsões quanto ao aquecimento global. Segundo ele, as previsões oficiais (como as do IPCC – International Panel for Climate Control) levam em consideração as mudanças de temperatura, quando deveriam considerar, principalmente, o nível de variação do nível do mar. Pela variação de temperatura, ainda temos um certo tempo para virar o jogo. Pela variação do nível do mar, menos de 10 anos!

Nesse sentido, juntando as teorias da imprevisibilidade com o fato da Terra ter mecanismos auto-regulatórios, a qualquer momento podemos entrar numa nova era que realmente extermine grande parte das espécies, inclusive a nossa. Para o Stephen, já passamos esse tipping point, ai que medo!

Para este post mais sinistro escolhi essa imagem de Chernobyl...

Complexidade



Na sexta-feira da primeira semana tivemos uma aula sobre “Complexidade”. Infelizmente não anotei o nome do professor, mas ele é do corpo fixo da Schumacher. Ele era um analista de sistemas que acabou se frustrando com o que fazia, principalmente porque as pessoas achavam que o trabalho dele – implementar um novo sistema – era apenas uma maneira mais rápida de fazer o que já faziam (quem trabalhou em agência de propaganda viveu vários momentos como esse, principalmente quando os sistemas de mídia se tornaram comuns).

Mas, para ele, desenhar um sistema significa enxergar a dinâmica que o sustenta, o princípio chave das relações. Dessa maneira, teremos um ambiente em que estamos em conexão, porém sem uma ordem fixa. O que, por um lado, liberta e, por outro, traz mais responsabilidades.
Isso não quer dizer ter um ambiente anárquico. Quando você permite essa liberdade, você ainda precisa de um ritmo. E esse ritmo acaba emergindo espontaneamente, de modo que nunca soa incoerente – como em uma banda de jazz.

Essa exposição gerou muitas dúvidas em nossas cabeças lineares, mas vou usar uma metáfora da Bia Machado, que desenvolve o projeto Caleidoscópio, que é do “céu de estrelas fixas”: imagine que você e um amigo vão navegar da Europa para a América, nos idos de 1500. Ambos irão se guiar pelas estrelas, mas o caminho que irão percorrer pode ser totalmente diferente um do outro. Não para dizer que eles estão sendo “anárquicos” em sua viagem, pelo contrário, poderíamos dizer que eles foram extremamente criativos, pois chegaram no mesmo ponto criando rotas diferentes.

A Teoria da Complexidade desafia os fundamentos da ciência, pois esta baseia seu saber em uma ordem fixa, que pode ser repetida e, assim, comprovada.

A matemática não-linear tem sido mais eficiente em explicar o não-explicável por sua capacidade de abrir mão da certeza ou de entender o que está acontecendo. Você nunca pode predizer um sistema dinâmico, mas isso não significa uma situação caótica, pois os limites acabam por emergir naturalmente, a “meta-ordem”.

“The more you trust, the more the meta-order will show itself. And part of the beauty is living with a meta-order quality, having trust in meta-understanding. ” E aí eu já não sabia mais aula do que era mesmo...

FLAMERS



Ontem à noite fomos jantar com a Tina, amiga da minha mãe que mora há mais de 40 anos por aqui. Já deu pouso pra família inteira, irmãos, primos, sempre foi um porto-seguro para todos na terra da Rainha.

Depois de trabalhar muitos anos no setor financeiro, a Tina fundou uma ONG, a FLAME - Friends of Latin American Expression, que já trouxe diversos artistas para se apresentarem em Londres e vice-versa. Um dos últimos projetos da Flame foi levar para o Projeto Akaia, em São Paulo, dois produtores da BBC para passarem um mês ensinando cinema para os adolescentes da ONG.

Atualmente ela está apoiando o trabalho do Jean Abreu, bailarino e coreógrafo brasileiro que mora aqui há 15 anos. Jean é super premiado, tem seu trabalho reconhecido na comunidade européia, mas, como todo artista, está sempre na luta. Aproveitei os dias aqui para dar aquela ajuda básica no planejamento que eles estão fazendo para 2009/2010. Uma delícia trabalhar (e jantar!) com eles.

O toque surreal ficou por conta do figura na foto abaixo, que estava no ponto do ônibus dizendo-se estilista e comentando nosso figurino - arrematou a noite com muuuuitas risadas (ele quis entrar na foto, lógico)!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Marca

Em alguns momentos discutimos a questão de marca/visibilidade. Do ponto de vista do Günter, “nós nunca queremos marca” – fazer mudanças sistêmicas é uma briga de David contra Golias e David jamais teria ganhado se tivesse anunciado que tinha uma nova tecnologia pra usar...

Mais que isso, o tipo de projeto no qual ele está envolvido realmente envolve partes muito fortes, seja econômica ou politicamente – e não vale à pena arriscar o êxito de um projeto por uma disputa de visibilidade. Por isso ele nunca dá nomes/marcas ou sequer deseja que seu nome esteja visível nos projetos.

E acho que este é o último post sobre a semana de aulas com o incrível Günter Pauli. Só para aumentar a lista de motivos pelos quais ele é admirável está o fato de que respondeu quase na mesma hora um email que mandei e outro que o João mandou, extremamente gentil e com várias dicas ;)

Resolução de Conflitos

Tivemos uma aula inteira com o Günter Pauli sobre resolução de conflitos, sob de um ponto de vista do pensamento sistêmico. Ficamos bastante surpresos com a primeira coisa que ele disse, pois contradiz o senso comum nessa área: você não precisa sentar todo mundo na mesma mesa para conversar.

E, como é de praxe em se tratando dele, a ideia vai além: na verdade, as pessoas nem precisam se encontrar! Você não precisa ter/buscar um consenso, apenas um mínimo de entendimento entre as partes. Depois de dar um pouco de estrutura e começar a fazer algumas pequenas conexões, você pode começar a juntá-las na mesma mesa – as pessoas só irão querer se encontrar se começarem a ver mudanças/resultados.

Ele usou como exemplo um projeto que ele fez no estado do Novo México, que envolvia um conflito entre a comunidade hispânica, os índios nativos, os ecologistas e o departamento de florestas do governo. O padrão de ação foi:

1) Ouvir cada grupo individualmente
2) Fazer um inventário
3) Enxergar o sistema – para isso é preciso raciocinar pensando nos 5 reinos naturais, pois a dinâmica entre eles traz a resposta de como um sistema pode funcionar sustentavelmente, em benefício de todos. Bom, na verdade, a questão dos 5 reinos é tão importante que mereceria um post só pra isso, pois é o caminho básico para buscar soluções sistêmicas...
4) Apresentar para os diferentes stakeholders, com as evidências científicas.
5) Pensar no longo prazo – a solução só se deu em 2 anos. Essa é também uma mudança de modelo mental, que é acreditar na auto-regulação do sistema, pois ele tem uma inteligência inata.

Um projeto como esse precisa de um “Systems Designer”, um “Science Certifier” e um “Vigorous Implementer” pra dar certo.

O principal papel do Designer de Sistemas é enxergar o sistema e mostrar as conexões que existem, o que acaba liberando o fluxo. De cada grupo envolvido ele irá buscar respostas para as seguintes perguntas:

- Do que você se orgulha;
- Qual é a situação presente;
- Quais os seus sonhos;
- Imagine nosso futuro compartilhado.

Já o Science Certifier existe para assegurar a “verdade científica” quanto aos resultados que podem ser obtidos com as mudanças. Ele diz: “não dá pra esperar que alguém vá convencer os índios ou o departamento de florestas apenas com suposições ou teorias. É preciso mostrar evidências científicas”. Nesse sentido, ele é taxativo (pensando bem, ele é taxativo em tudo, sempre muito intenso!): mensure sempre, antes, durante e depois.

Bom, e o Vigorous Implementer dispensa explicações: é a pessoa com a fibra e a paciência para colocar as mudanças de pé.

Educação


Certamente uma pessoa com a visão do Günter Pauli acabaria preocupada com a questão da educação. Por isso ele criou toda uma área de trabalho voltada a ensinar as crianças a 1) estabelecer conexões / desenvolver o pensamento sistêmico e 2) viver seus sonhos.

Ele chegou, inclusive, a desenvolver um método próprio, cujo objetivo é criar um nível de liberdade que possibilite que as crianças descubram suas próprias respostas. Para ele, “se nós ensinarmos apenas o que sabemos, elas apenas se sairão tão mal quanto nós estamos nos saindo...”. Disse que sua inspiração principal é Paulo Freire.

O método consiste em 5 passos, todos acontecendo ao mesmo tempo, portanto nunca linear, sempre fazendo/aprendendo em diferentes níveis ao mesmo tempo. No site dele, www.zeri.org tem uma explicação mais detalhada, aqui vai o resumíssimo:

1) Histórias, fábulas. Ele criou 36 diferentes histórias que, combinadas, tocam 1500 assuntos relativos à ciência e sustentabilidade.
2) Desenvolver a inteligência emocional. De novo, ele reforçou o “EXPOSE, NEVER IMPOSE”;
3) Uso da arte para expressar a ciência. “A way to peace is when we understand each other without words”;
4) Capacidade de estabelecer conexões e de perceber padrões – quando você percebe o padrão (acho que a minha amiga Bia diria “domina a linguagem”) você é capaz de pensar sistemicamente –uma das “inteligências” que precisamos desenvolver;
5) Do It – a inteligência da implementação, de ser capaz de colocar as coisas em prática.

Um pequeno exemplo que ele deu de um dos projetos foi a história de uma classe em que eles queriam trabalhar a questão da ética:

As crianças foram expostas à história – ciência – dos fungos gigantes que ajudam a preservação de uma determinada espécie de árvore (sorry, não anotei detalhadamente): a ética da natureza.
Depois elas foram estimuladas a pensar quem, na comunidade em que viviam, tinha qualidades semelhantes. Quem seriam pessoas com a mesma preocupação ou padrão de ação no mundo dos “seres humanos”. Elas então foram convidadas a conhecer e entrevistar essa pessoa.

O trabalho prosseguiu com outros exemplos da natureza x exemplos de pessoas na vida real, até que no final foi editado um livro com todas essas histórias.

O resultado final foi um fortalecimento do tecido social, das conexões da comunidade e dos relacionamentos entre as gerações.

Ao final desta aula ele indicou seu livro “Dá mucho y recibirás mucho”, em que discute esse tema das virtudes.

Drops Günter Pauli

“Don’t wait until you have the perfect design.”

“It is never design and finish, it’s design and start – learn, change and evolve.”

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Biodiversidade

E ainda falta muita coisa pra contar da Schumacher...

Um outro ponto para o qual o Gunter Pauli chamou a atenção foi a questão da biodiversidade. Nossa economia hoje está toda baseada na escassez, em uma noção de poder em que uma espécie se sobrepõe a todas as outras. A Natureza nos ensina o contrário: ela nos obriga a pensar em abundância, em sistemas que promovem o bem-estar de todos.
Nossa espécie está colocando “estresses” sobre o sistema que rompem o ciclo das relações, gerando um colapso geral. Existe urgência em mudar esse padrão? Sim, mas o modelo mental ainda não está preparado para isso.

Ele passou então a descrever a estrutura do sistema atual e como ela impede a mudança. Ele e a Janine Benyus (vídeos dela disponíveis no TED) já fizeram, nos últimos 14 anos, mais de 1000 apresentações sobre Biomimicry e suas aplicações em empresas e grandes corporações. Segundo ele, todos ficam absolutamente encantados. Mas eles não conseguiram levantar um só nome que tenha efetivamente mudado algo a partir desse novo conhecimento.

PACIÊNCIA: “A circular concept of time gives you peace to be patient (while a linear concept gives ou stress and anxiety)”*

* Tanto o Günter Pauli como a Schumacher têm estreita colaboração/inspiração nas idéias do Fritjof Capra, talvez o primeiro a observar que a ciência tem mais relações com as filosofias orientais do que supõe a nossa vã filosofia ocidental...

terça-feira, 14 de abril de 2009

Steve & Adri

Graças a Deus Adri e Steve estavam aqui para nos receber, ajudar, e consolar… Foram duas semanas alugando os dois, numa casa linda e gostosa. João e Adri arrasaram na cozinha, foram vários jantares super gostosos na casa desse casal incrível. THANK YOU!!!!







Despedida


E, com a casa organizada, aqui vai o post mais atrasado do mundo, a foto da despedida na casa da tia Caci e tio Luiz – OBRIGADO!!!

Instalados!



Finalmente, depois de muitos trancos e barrancos, encontramos um apartamento ótimo en Kensington/Chelsea. Rafa, a gente ia morar na “Vila Madalena Angel”, mas fomos literalmente enrolados, acabamos parando em Higienópolis…

domingo, 12 de abril de 2009

Para Clara

Oi Clara! Estas fotos são de uma fonte que fica ao lado de um museu em Paris. São de uma artista chamada Niki de Saint Phalle. Quero saber qual você gosta mais - será do passarinho, da sereia ou do elefante?
Um beijo com saudades!



segunda-feira, 6 de abril de 2009

Noivado em Paris

E não é que a festa surpresa pra Janda era um pedido de casamento? Pois Mr. Flemming seguiu o figurino romântico à risca, Paris, Hotel Ritz, jantar... Lindo!





Brinde no quarto do hotel, com os amigos da Dinamarca e Holanda







Gugui, olha o seu lugar aí guardadinho, pode ter certeza de que você e o Alex estavam lá com a gente!







E viva l'amour!

sábado, 4 de abril de 2009

Acupuntura


Voltando à Schumacher:

Mais um exemplo da atitude positiva que o Gunter Pauli adota é a sua teoria do “small pressure, big change”.

Por exemplo, para a aprovação do protocolo de Kyoto, foi necessária uma pressão muito grande, em vários níveis, com alto grau de complexidade. E que, na visão dele, vai ter um baixo impacto na condição geral do clima (big pressure, small change = inútil).

O ideal seria pensar como um acupunturista: onde posso encontrar o ponto que, com menor pressão/esforço, vou gerar uma grande mudança? Qual é o ponto que libera a energia, que acelera o fluxo das coisas? Onde posso fazer uma small pressure para gerar uma big change?

Nem tudo são flores...

Prá ninguém ter dúvida de que essa é uma viagem legal, mas não é um conto de fadas, fica aqui o registro de que passamos uma semana bem micada: o hotel que reservamos para continuar procurando apartamento não tinha internet conforme prometido; quebramos o maior pau com o gerente; tentamos ir embora mas não foi possível porque o site em que reservamos não devolvia o dinheiro; fomos jantar pra esquecer de tudo e eu passei mal; decidimos ficar com um apartamento que vimos há duas semanas mas, na hora de sacar o dinheiro, o limite do cartão não deixava; a gerente do banco no Brasil liberou o limite mas demora 48 horas, o que significa mais um fim-de-semana acampados num hotel; o dono do apartamento não estará em Londres no domingo, portanto só vamos conseguir nos instalar, definitivamente, na segunda; o João está resfriado a dois dias.... Será que em Londres tem benzedeira???

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Change


“Mudanças ocorrem quando nossas mentes estão positively alive.”

“Sinta-se bem; esteja preparado para, a cada passo, dizer: eu estava errado, eu melei tudo.”

“Você não sabe as respostas, então arrisque-se. Esteja preparado para aprender criativamente; não acredite nos especialistas, acredite nas pessoas que sabem as coisas (ele estava comparando o saber acadêmico com o real life).”

“Faça as perguntas certas e faça as conexões”

Drops Günter Pauli

“Make mistakes, not business plans”

Crise? Graças a Deus!

Foi bem engraçado passar 2 semanas em um lugar onde todo mundo estava feliz porque a crise “finalmente” chegou! Para o pessoal da Schumacher, essa é a única chance de tentarmos mudar algo: no susto! A expectativa deles é que as pessoas e empresas tenham que, necessariamente, repensar a vida, procurar alternativas, mudar.

De certo modo foi um alívio, pois ninguém achou absurdo fazermos um sabático em plena crise...