Pelo Mundo foi criado para compartilhar com os amigos as histórias e experiências de uma temporada de estudos “pelo mundo”– um sabático de 6 meses que fiz em 2009. E que agora continua com as histórias e experiências do meu trabalho como clown. Enjoy!
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Schumacher Semana 2: Don Beck
A segunda semana não foi tão impressionante quanto a primeira, ainda não descobrimos se porque é difícil se comparar ao Günter Pauli ou porque as teorias do Don Beck são menos atraentes.
O fato é que ele apresentou a sua “Espiral Dinâmica” como a (melhor) solução para os problemas do mundo, o que por si só já deu uma travada na maioria da turma. Mas, como ele mesmo pediu para darmos uma chance de provar seu ponto, foi o que fizemos. Não só por educação, haha, mas talvez porque ele levou uns óculos que parecem de 3D que permitem que você veja a luz de forma diferente (como nas fotos): apesar de estarmos vendo uma certa realidade, ela pode conter muitas coisas mais que, simplesmente por falta do óculos certo, não conseguimos ver. Como a maioria SABE que isso é verdade, topamos experimentar os óculos da Espiral Dinâmica (e eu fiquei morrendo de inveja dos tais óculos, já que no projeto da Coca-Cola utilizamos a mesma metáfora... Americano é muito bom nisso, haha).
A teoria da Espiral Dinâmica é, sim, interessante. Mas é mais uma “grade” ou estrutura com a qual podemos analisar um grupo ou uma pessoa, não é a melhor nem a única que deve ser usada.
Basicamente, trata-se de reconhecer que grupos ou pessoas podem estar em 7 diferentes níveis de desenvolvimento, que implicam em 7 diferentes maneiras de lidar com a realidade. Por exemplo, tome-se a idéia de “PAZ” para cada grupo:
Bege – o grupo que está no nível mais baixo da existência, poucas nações poderiam ser consideradas neste estágio: “Eu sobrevivo”
Roxo – o nível do relacionamento tribal. Nações que ainda subsistem pela força do grupo, das comunidades, das tradições: “Estamos seguros”
Vermelho – o nível em que ocorre o primeiro distanciamento do grupo em direção à individualidade e, consequentemente, a um comportamento de oposição e confronto: “Eu mando”
Azul – exército, ordem: “Temos ordem”
Laranja – a maioria das nações desenvolvidas hoje. O espírito do capitalismo: “Eu me desenvolvo (thrive)”
Verde – a nova consciência global: “Somos iguais”
Amarelo – a consciência do futuro. O momento em que eu vejo a beleza de cada fase e apenas ajudo (não tento mudar) a travessia para a fase seguinte: “Eu me preocupo e faço”
Portanto, apesar da definição de “paz” até poder ser a mesma, na hora da “operacionalização” cada um vai responder de acordo com o estágio (cor) em que está – o que vai gerar problemas de comunicação, pra dizer o mínimo.
Como grande parte da classe na Schumacher é de pessoas que estão na cor “verde”, elas ficaram um pouco chocadas com duas coisas:
1) com o fato de que não estão no nível amarelo, apesar de se acharem “melhores” que os outros. O Don Beck foi muito radical, e essa foi uma coisa muito legal da semana dele: nenhum nível sobrevive sem o outro. Se o nível laranja é capaz de descobrir novas tecnologias para a sustentabilidade, porque o nível verde o considera sempre inimigo? A Schumacher precisa de 1 milhão de libras para reformar o telhado, já que o prédio é antiqüíssimo. Eles estão inclusive, sob ameaça de terem que sair de lá. E o Don pergunta: e porque não pedir patrocínio de alguma empresa? Por pudor? Para não “se vender”? Qual seria o problema de ter o logotipo de uma empresa na frente, se a escola ficasse onde está? Não seria um win-win? Silêncio na sala...
2) que esse parece um método para manipular as pessoas. Até porque o Don deu vários exemplos de como fazer campanhas de comunicação para atingir determinado grupo
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