Tivemos uma aula inteira com o Günter Pauli sobre resolução de conflitos, sob de um ponto de vista do pensamento sistêmico. Ficamos bastante surpresos com a primeira coisa que ele disse, pois contradiz o senso comum nessa área: você não precisa sentar todo mundo na mesma mesa para conversar.
E, como é de praxe em se tratando dele, a ideia vai além: na verdade, as pessoas nem precisam se encontrar! Você não precisa ter/buscar um consenso, apenas um mínimo de entendimento entre as partes. Depois de dar um pouco de estrutura e começar a fazer algumas pequenas conexões, você pode começar a juntá-las na mesma mesa – as pessoas só irão querer se encontrar se começarem a ver mudanças/resultados.
Ele usou como exemplo um projeto que ele fez no estado do Novo México, que envolvia um conflito entre a comunidade hispânica, os índios nativos, os ecologistas e o departamento de florestas do governo. O padrão de ação foi:
1) Ouvir cada grupo individualmente
2) Fazer um inventário
3) Enxergar o sistema – para isso é preciso raciocinar pensando nos 5 reinos naturais, pois a dinâmica entre eles traz a resposta de como um sistema pode funcionar sustentavelmente, em benefício de todos. Bom, na verdade, a questão dos 5 reinos é tão importante que mereceria um post só pra isso, pois é o caminho básico para buscar soluções sistêmicas...
4) Apresentar para os diferentes stakeholders, com as evidências científicas.
5) Pensar no longo prazo – a solução só se deu em 2 anos. Essa é também uma mudança de modelo mental, que é acreditar na auto-regulação do sistema, pois ele tem uma inteligência inata.
Um projeto como esse precisa de um “Systems Designer”, um “Science Certifier” e um “Vigorous Implementer” pra dar certo.
O principal papel do Designer de Sistemas é enxergar o sistema e mostrar as conexões que existem, o que acaba liberando o fluxo. De cada grupo envolvido ele irá buscar respostas para as seguintes perguntas:
- Do que você se orgulha;
- Qual é a situação presente;
- Quais os seus sonhos;
- Imagine nosso futuro compartilhado.
Já o Science Certifier existe para assegurar a “verdade científica” quanto aos resultados que podem ser obtidos com as mudanças. Ele diz: “não dá pra esperar que alguém vá convencer os índios ou o departamento de florestas apenas com suposições ou teorias. É preciso mostrar evidências científicas”. Nesse sentido, ele é taxativo (pensando bem, ele é taxativo em tudo, sempre muito intenso!): mensure sempre, antes, durante e depois.
Bom, e o Vigorous Implementer dispensa explicações: é a pessoa com a fibra e a paciência para colocar as mudanças de pé.
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