Hoje começo a relatar o trabalho que farei no HU – Hospital Universitário da USP. Enquanto a Mônica está conduzindo um trabalho com os idosos atendidos pelo PAD – Programa de Ação Domiciliar (leia mais em www.solenta.blogspot.com), eu irei “atender” aos idosos que ficam no próprio hospital: o 5º andar, a “Clínica Médica”.
Embora a própria natureza dos dois atendimentos seja bem diferente – um é domiciliar, individualizado, familiar; o outro é hospitalar e coletivo – queremos imprimir o mesmo tom, a mesma intenção: utilizar a linguagem do palhaço para melhorar o estado geral dos pacientes e contribuir para o bem-estar daqueles que estão ao seu entorno – familiares e equipe médica.
Bom, sei que essa linguagem é muito poderosa no sentido de transformar pessoas e relações, já vivi suficientes experiências para acreditar na validade de fazer um trabalho assim. Mas confesso que ainda não sei bem se a definição “melhorar o estado geral dos pacientes” é a mais correta para o que estamos nos propondo. Quero dizer, talvez, “clinicamente”, melhorar queira dizer ajudar na cura, ou indique que estamos buscando sinais inequívocos como “ficou mais animado”, “levantou para comer”, “comeu”, etc. Creio que isso possa ser muito bom, mas talvez haja uma definição mais palhaçal para “melhora”, talvez coisas como “ficou pensando mais na vida”, ou “conseguiu chorar” ou “lembrou-se de uma música” estejam mais próximas do conceito de melhora a que estamos nos propondo.
Quanta filosofia... mas é para tentar deixar mais claros alguns dos aspectos desse universo, onde não há certo ou errado, tudo DEPENDE. Onde não se buscam “resultados”, mas sim RELAÇÕES. Onde primeiro a gente vai, depois descobre porque foi. Onde a lógica do cotidiano é DESCONSTRUÍDA, e fica um pouco mais difícil explicar os porquês...
E porque é uma linguagem específica, porque trata-se de relações, que as coisas são construídas de forma orgânica. Tenho sorte de, primeiro, ter a experiência dos 6 meses da Mônica no PAD para me guiar nesse novo mundo; segundo, de saber que a equipe do HU entende, aceita e acredita em um processo orgânico – vamos começar, e aos poucos vamos vendo qual o melhor caminho.
A idéia inicial é um trabalho semanal, toda quarta à tarde. A princípio, pensamos das 14 às 17, mas o primeiro dia já mostrou que vai ser um pouco difícil trabalhar depois das 16, quando chegam os familiares para a visita. Veremos, veremos, orgânico...
Ai ai...
ResponderExcluirQue delícia de ler.
Que coisa boa estarmos juntas.
Beijos e besos
momo