sábado, 4 de dezembro de 2010

ESTUDANDO



Muita gente me pergunta como é o treinamento de um palhaço, como é que você se prepara/estuda para isso. Eu costumo dizer que existem dois caminhos principais: o caminho clássico ou tradicional ou original, que é nascer em uma família de circo e aprender desde pequeno, a princípio copiando o palhaço “sênior” e depois criando o seu próprio estilo, jeito de ser. Além de, nesse caso, aprender malabarismo, acrobacia, como montar uma tenda, dar comida para o elefante, etc.

Já esse palhaço moderno, “clown”, essa coisa pós-Jacques Lecqoq, aprende em uma escola, com exercícios próprios de palhaço, que às vezes são muito parecidos com exercícios teatrais.
Porém muitas coisas podem ser agregadas para melhorar cada vez mais, para que se tenha à mão outras formas de contato e comunicação com o público: tocar um instrumento, saber cantar, ser mímico, etc. (vejam no vídeo do post anterior, dos Umbilical Brothers, que o corpo é o principal instrumento deles para fazer rir).

Eu comprei um acordeon e já faz mais de um ano que estou tentando conseguir tempo para fazer aulas... Mas como sou cara-de-pau, já dei umas voltas com ele por aí, e posso contar que é realmente uma delícia poder propor outro tipo de brincadeira. Sim, porque um acordeon, por si só, dá muito “jogo”. Todo mundo quer ver, quer saber, conta uma história, canta alguma coisa. E, vejam que engraçado: é tão legal não saber tocar nada quanto saber tocar muito! Claro, pois é muito ridículo sair por aí com um acordeon sem saber tocá-lo... Eu peço para as pessoas tocarem, me ensinarem, arrisco o Rebolation (a música de uma nota só!!!)...

Outra coisa que acho muito legal como aprendizado complementar é aprender a contar histórias. Acho que é mais um caminho, mais uma ponte com as pessoas que proporciona um contato de qualidade. Já havia feito um curso com a Regina Machado, e este ano fiz também um curso do Boca do Céu, o festival internacional organizado por ela. Tive o prazer de conhecer o Houssani, filho do Sotigui Koyuate, ator da companhia do Peter Brook, que deu 3 dias incríveis de workshop. Vejam se é possível um rosto mais expressivo que esse. Queria ter gravado para mostrar para vocês a cabra, o leão e a gazela que ele fez... Foi uma das coisas mais legais que já vi na vida!



Aa direita, Houssani Koyate, herdeiro da tradiçao dos grillots africanos

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